segunda-feira, agosto 11, 2008

Reflexos Condicionados

O meu grande amigo Ivan Petrovich (também conhecido por Pepa pelo pessoal lá do bairro ou por Pavlov pelos tipos da Fundação Nobel onde costumava jogar às cartas) foi responsável pela explicação do fenómeno conhecido por alguns de vós como "Reflexos Condicionados". 


Não, não estou a falar de espelhos côncavos ou convexos como aqueles que existiam na feira popular. Não é esse tipo de reflexos. Embora tenha quase a certeza que o Ivan tinha um primo que morava ali para os lados da Marinha Grande... mas passando à frente.


Estou a falar de respostas condicionadas a estímulos e de uma forma de aprendizagem por associação. 


O Ivan demonstrou que é possível gerar respostas ou comportamentos nos animais (e com um bocadinho mais de dificuldade em humanos daqueles que descendem do Homo Sapiens Sapiens) através da indução de estímulos externos. 


Como é que ele chegou a esta conclusão? É uma pergunta deveras pertinente. 

To make a long story short pode-se dizer que ele utilizou um cão, um sino, um tipo vestido com uma bata branca e uma taça com comida apetitosa. O que ele fez foi diversas experiências em que concluiu que o cão associou o som do sino ou a chegada do tal tipo vestido de bata branca com a chegada de comida. Ou seja, sempre que o cão ouvia o sino ou via o referido tipo da bata branca começava a salivar e a abanar a cauda (facto que foi omitido do livro por erro da editora) na expectativa de ver o tão desejado prato de comida apetitosa (não esquecer a importância dos actores secundários uma vez que o tipo da bata branca, devidamente referenciado nos créditos finais, teve uma importância vital para o desfecho desta história). 


Gostava apenas de fazer uma ressalva antes de prosseguir. Para todos os defensores dos direitos dos animais e respectivos simpatizantes que nos estejam a ler, podemos afirmar que nenhum dos cães utilizados nesta experiência foi física ou psicologicamente afectado e todos eles foram devidamente remunerados (em géneros) pela sua participação.

 

Agora o leitor faz outra pergunta pertinente: Então mas o que é que este artigo, tão bom que certamente será publicado na próxima edição da Harvard Medical School, tem de novo em relação ao que foi analisado pela Fundação Nobel em 1904? Ao que eu respondo:


O Ivan demorou mais de 10 anos a explicar aquilo que hoje poderia ser facilmente concluído com uma observação aleatória de poucos minutos por sujeito. Só que encontrou alguns entraves: a falta de mecânicos (uma vez que a indústria automóvel se encontrava ainda pouco desenvolvida) e a inexistência da indústria de merchandising, nomeadamente na vertente de calendários (a Pirelli só começou esta tradição em 1964). 


Eu passo a explicar. Em vez de se andar a medir e analisar as reacções de um simpático cão à hipótese de vir a ter uma boa refeição, podia ter sido usado outro método. Em vez de um cão usava-se o tal descendente do Homo Sapiens Sapiens anteriormente referido (não tinha que ser obrigatoriamente o tipo da bata branca) e usávamos como estimulo... um qualquer. Há por aí inúmeros exemplos. Senão vejamos: tempo de reacção para emitir um comentário obsceno por parte de um mecânico após olhar para um calendário da Pirelli ou para a página central da revista do Correio da Manhã; tempo de reacção para ouvir um comentário menos próprio à família do árbitro após um cartão vermelho mostrado na sequência de uma falta duvidosa perpetrada por um jogador do FCP; etc.


Tínhamos certamente uma maior diversidade de sujeitos com diferentes proveniências e estratos sociais (o que iria enriquecer a demonstração da teoria) e poderiam ser alternados os estímulos para verificar a tipologia das reacções. É claro que nada disto tem a ver com a fisiologia da digestão (aquilo que efectivamente foi comprovado e deu ao Ivan o Nobel da Medicina) mas era certamente muito mais interessante.


Por outro lado existe alguma discussão relativamente à actividade cognitiva do sujeito relativamente aos estímulos recebidos. Há quem defenda que os estímulos geram actividade cognitiva que vai desencadear a reacção e quem defenda o contrário. Utilizando a metodologia agora proposta eliminava-se este foco de tensão entre os seguidores das duas teorias uma vez que ficaria facilmente comprovado que os sujeitos não têm capacidade de gerar qualquer actividade cognitiva.


E com isto espero ver o meu nome nas nomeações deste ano do Nobel da Medicina. Não percam dia 6 de Outubro às 11:30 CET. 



1 comentário:

Anónimo disse...

Mudei.
Agora encontro-me aqui: http://hello_stranger.blogs.sapo.pt/

Beijo