quarta-feira, maio 21, 2008

O Mistério da Estrada que vai para Sintra (versão Unplugged)

Diário de um condutor oprimido


Era uma manhã chuvosa.

Daquela chuva miudinha que irrita e nos deixa a alma completamente encharcada.

Saí de casa como sempre cheio de motivação para mais um dia de trabalho e peguei na viatura que se encontrava devidamente resguardada na garagem. Acho que a referida viatura também não morre de amores pela chuva que caía lá fora e mostrou-se apreensiva em sair.

Convencendo-nos mutuamente de que era a única opção, dirigimo-nos calmamente ao IC19, estrada que nos conduz à beleza de Sintra e que podia perfeitamente ser o principal protagonista do "Mistério da Estrada de Sintra" essa enigmática obra de Eça de Queirós e Ramalho Ortigão. Não pelo facto de ocorrer algum rapto ou crime de alguma espécie apesar de passarmos pela Damaia, com a Cova da Moura mesmo ali ao lado. Crimes só mesmo os perpetrados pelos automobilistas que, apesar da chuva que ainda se faz sentir, continuam o seu caminho como se de um dia de sol se tratasse.

Preguiçosamente continuei pelo trajecto habitual e decidi não prosseguir até Sintra. Afazeres diversos esperavam-me na sobre lotada secretária e os travesseiros podiam esperar.

Já perto do fim da viagem, e devido ao escorregadio chão e deficiente construção da via de circulação, a viatura acima referida que continuava lentamente o seu percurso, encontrou alguns problemas de tracção e desviou-se do seu caminho tendo embatido violentamente numa árvore que, incauta, se situava inadvertidamente ali. De referir que a citada árvore, uma palmeira Arecaceae da ordem das Arecales, não foi irreversivelmente prejudicada no acto em si e que ficou em melhor situação estrutural que a viatura que nela embateu.

Por esta razão, a "Estrela" encontra-se agora completamente desmantelada no local onde, provavelmente, irá voltar a ser como outrora foi.


(Isto foi um abuso de recursos estilísticos mas destes ainda tenho em abundância e posso dar-me ao luxo de os desperdiçar).


:)

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